Para Paulo Camargo

Bordado delicado com um fio em vários tons, em tecido de linho puro.
Encomenda de Paulo Camargo @pcamargo27, signo de peixes e kin Águia.
O bordado aparece com a aproximação.

As palavras de Paulo Camargo sobre sua bata:
“A bata veste com um bocado do que eu percebo sobre mim: o que voa, a águia, e tenta enxergar o mundo do alto, o compreendendo, analisando, em busca de lucidez. Mas, nos delicados bordados de Luan, também estão as escamas do peixe que mergulha nas profundezas, à procura da essência, do entendimento mais sensível, não racional. Vestir é, de certa forma, se mostrar ao mundo, apresentar-se. A roupa, quando conta história, faz isso. Revela diferentes facetas de quem somos. E essa peça faz isso.”

Um convite dos mais inusitados chegou direto de Berlim. Veio de Dani, arquiteta, que se tornou amiga quando estudou Ecodesign comigo.

Ela me trouxe um brilhante desafio: criar seu vestido de noiva. A conversa foi longe, as ideias voaram, as texturas surgiram e os olhos brilharam.

Juntos, pensamos em inspirações, fios e tecidos, materiais e formas. Ela contou que usaria, no dia do casamento, um arranjo de cabeça feito de pérolas e escamas de peixes, em formato de flores, confeccionado pela avó e que já havia sido vestido pela irmã quando noiva. Essa peça tornou-se parte de minha inspiração, marinha, conchas, corais.

Feito de tramas da trepadeira erva-de-passarinho, coletada nos bosques de Curitiba. Matéria-prima orgânica, que se decompõe, regenera e volta facilmente para seu ciclo.
Um tramar de cestaria indígena, mais antigo que os antigos, uma arte manual evoluída pelo tempo… para recordar os modos de se fazer de outras eras, dos povos daqui, dos tempos das coisas leves.
Convidei os amigos da H-AL – Alexandre Linhares e Thifany F. para fazermos juntos, nossas causas nos unem… eles fizeram uma peça diamante facetado de lycra de resíduo, da empresa Bayah, onde trabalhei, salvando o solo de receber esse material. E peça branca pacificadora para essa voz de mensagem positiva usar. E um sapato autoral da Oficina da Gasp.

O tecido de crepe de seda pura d’O Casulo Feliz foi a base leve e texturizada feito concha, que recebeu todos os bordados manuais com fios de algodão coloridos, padrões orgânicos de um abalone furtacor.

Feita por muitas mãos e muito carinho, de minha mãe que costurou, minhas mãos que por muitos lugares bordaram, em Florianópolis, na praia da Galheta; em Superagui, na beira do Lagamar, a ver os botos passar e as gaivotas voar; em Salto Morato, com os pés no rio e o soar de uma cachoeira reverenciável à frente… Foram 12 dias bordando, quase um mês de cocriação… Pura energia viva!  Tudo para uma roupa com pegada ecológica leve!

São muitas as histórias que essa roupa pode contar… Bernadete construirá suas histórias vestindo a bata. Que ela contribua com belos momentos para recordar… e contar…  

Amo deitar no frescor da noite em qualquer área que me permita ver o que vai além… reconhecer no céu o cintilar de formas que percorrem o tempo e espaço, que chegam a um passado onde os anciões contavam sobre aquelas formas que meus olhos podem ainda hoje reconhecer. Contemplo e imagino a Virgem que se deita no céu e se estende até o Leão acariciar… ou a caçada de Órion não mais necessária, pacificada, livrando o Touro que pode formosamente estar. Constelações que falam um pouco com cada um de nós, nas imensidões profundas…

Amo bordar, pois o presente é generoso, a presença pode ser um encontro de almas… e as histórias são vivas quando lançadas ao Universo em forma de palavras, sorrisos, olhares… ao vivenciar as narrativas de encontros e desencontros, surpresas do inimaginado, amores e aventuras regressas ao pensamento, lembranças… quase sempre felizes, sinto o pulsar de uma vida latente, que explode com o brilho nos olhos ou risadas…

Cada ponto é capaz de guardar uma memória para quem o fez, me pergunto se um olhar sensível poderia imaginar ou sentir essas memórias de dias ensolarados sobre uma canga estendida na sombra de uma arvore ou o aroma do um café harmonioso na Livraria Cultura em tarde chuvosa …

“Criamos a energia que almejarmos.
a ideia do manto surgiu para diminuir a frequência do meu tempo, sem desacelerar a intensidade das minhas intenções.
Junto com o @luanvalloto , desenhamos, escolhemos esse tecido ancestral do @ocasulofeliz , bordamos e conversamos.

Eu, Aiko, ele, @massamiwill e Takeshi.

Dias de suavidade e amor, em prol de um parto confortável e tranquilo.
Criando a conexão com o cosmos e o nosso corpo.”